Deus antevê nossos pensamentos e atos autônomos.
Estudioso nascido em Roma viveu o período de queda e desintegração do império romano; tornou-se órfão aos 7 anos de uma família tradicional convertida ao Cristianismo a décadas, foi então criado por uma família aristocrata romana. Sua excelente educação permitiu chegar a um posto de conselheiro do imperador Teodoro, sua convicção o levou a execução e morte, condenado por traição unilateralmente.
Anicius Boethius teve uma grande participação na história da filosofia, não por ter levantado novos questionamentos ou realizar descobertas inovadoras; sua principal influência está em ter traduzido e comentado centenas de obras gregas – incluindo aqui algumas de Aristóteles – para o latim, o que não só permitiu o acesso aos maiores pensadores até então, mas também embutiu nessas filosofias sua percepção e entendimento que influenciaram de certa forma os intelectuais subsequentes.
Ao ser indagado que nosso livre arbítrio não era tão livre assim, já que Deus conhecia o nosso futuro e acabaríamos fazendo o seu propósito traçado; Boécio respondeu que Deus não segue um fluxo de tempo, portanto ele vive num estado de “eterno presente” o que permite saber de tudo; e que para nós era difícil entender esta concepção do mesmo modo que seria difícil explicar a um cão que o Sol volta toda manhã devido a um ciclo e movimentação dos astros.
Após anos de filosofia grega, que se encerrou em 265 a.c. pouco se floresceu até 300 d.c.; Boécio foi um estudioso com bom conhecimento em grego e latim, que ao traduzir diversas obras permitiu reascender o debate sobre política, ética, lógica entre outros. É bem provável que muitas das interpretações que temos hoje dos filósofos gregos tenham muito da perspectiva d e Boécio, e possivelmente nem corresponda à opinião do autor integralmente; uma mostra de quão poderosa pode ser uma intermediação ou tradução na história para aqueles que a recebem subsequentemente.