As pessoas consomem para ser notadas.
“A fim de ficar bem aos olhos da sociedade, é necessário chegar a um certo, ainda indefinido, padrão de riqueza.” [Veblen]
“A gratificação superior, derivada do uso e contemplação de produtos caros e supostamente bonitos, é normalmente, em grande medida a qualificação de nossa extravagância disfarçada sob o nome de beleza.” [Veblen]
Nem sempre pagar caro por um produto foi sinônimo de riqueza e inteligência, em tempos onde cada moeda era um resultado do trabalho duro no campo, pagar em um produto um valor maior significava mais fardos extras para se carregar e menos comida para se alimentar.
O consumo conspícuo é caracterizado pelo pagamento de valores maiores a produtos pois estes trazem um “status”consigo, é como por exemplo, comprar talheres de pratas sendo que os de outros materiais podem atender ao mesmo objetivo; estes bens com custos “caricaturizados” são essencialmente consumidos em grupo numa manifestação social, já que privativamente não seriam capazes de trazer a mesma sensação.
Thorstein Veblen foi quem abordou a economia através da antropologia em sua obra “A Teoria da Classe Ociosa”, onde notou que a organização social atual é uma herança de milhares de anos da divisão de classes por utilidade econômica. Desde sempre existiu a classe produtiva responsável por contribuir para o sustento e desenvolvimento da sociedade e a classe ociosa que pouco produz e procuram se mostrar úteis em nome da segurança, conforto e estabilidade da nação.
Esta classe ociosa mantém seu “status”geralmente pela coerção física ou psicológica e iniciou-se com os guerreiros e sacerdotes que garantiam a segurança de fazendeiros e artesãos; esta classe que era acionada poucas vezes em tempos de bonança e paz se via ociosa e criou hábitos de pouca produtividade que lhes garantiam “status” para justificar sua existência.
Nasceu deste modo de vida o lazer conspícuo que há décadas atrás chegou a ser o estudo da filosofia e arte por aristocratas sem atividades e hoje é caracterizada pela prática de esportes de forma radical e cuidados com a estética. Veblen defendeu uma ideia distinta de Smith onde lembrou que o Homem Econômico antes de ser racional e em busca do benefício em toda transação comercial, é uma criatura em busca de aceitação social, e que portanto, age de forma contraditória para ser aceito em seu grupo.
Veblen fez sua análise em um período único da história norte-americana, foram anos dourados para alguns, onde floresceu os primeiros “magnatas privados” da indústria que utilizavam sua fortuna para conseguir prestígio social e sem saber criaram um mundo de tendências até hoje seguido.
Segundo Veblen, o Homem de Negócio de sua época é o Bárbaro de ontem, pois não produz nada e fecha acordos apenas aumentando seu lucro, justificando sua existência através do consumo de produtos que lhe tragam um posicionamento social. Se engana quem acredita ser este um comportamento ingênuo e inofensivo, pois os produtos mais consumidos atualmente são mulheres reduzidas a um troféu da casa, e empregados utilizados como um exército na constante campanha pela guerra da competividade.