O Gueto é onde as pessoas negras vivem.
“O Negro é considerado alguém perigoso até que prove o contrário.” [Elijah Anderson]
“O jovem negro está em uma trajetória perigosa. Precisamos de ideias para resolver isto.” [Elijah Anderson]
Seus pais trabalhavam em uma fazenda arrendada no Sul dos EUA, após lugar na Segunda Guerra seu pai se mudou para o norte por considerar o racismo Sulista intolerável. Estudou sociologia em Indiana publicou diversos trabalhos sobre racismo é um dos principais etnógrafos americanos, foi vice presidente Associação Sociológica Americana e ganhador do prêmio Cox-Johnson-Frazier.
Em seu livro “The Iconic Ghetto” o autor abordou que grande parte dos americanos associam os negros como vivendo em guetos, ou seja, bairros sem lei, pobres, regidos por tráfico de drogas e violência. Este conceito leva a percepção de que os negros são imorais viciados e, portanto, discriminados e prejudicados.
Em seus estudos etnógrafos o autor constatou que a maior parte dos negros americanos não vivem em guetos, e em muitos casos eles possuem acesso legal as mesmas escolas e oportunidades de trabalho, contudo este icônico gueto que povoa a mente da sociedade pressionam os negros a um estilo de vida que busca provar não serem parte deste imaginário.
O que se percebe então, são negros de classe média que buscam imitar o estilo de vida dos brancos seja na forma de se comunicar e portar ou na busca pelo status escolar. Eles absorvem insultos e compartilham de forma irônica, enquanto na realidade, estes eventos se escalam e não são observados como deveriam, acabando por mostrar que foi uma tolice acreditar que a sociedade os absorveria de forma igual.
Enquanto os negros de classe média podem batalhar para desconstruir esta mentalidade, a classe trabalhadora negra não tem muitas alternativas, inclusive porque muitos vivem nestes guetos. O que os leva a uma batalha interminável de provar que não são pessoas violentas, imorais e viciadas.
Por fim o autor afirma que esta mentalidade ainda é latente e persistente, e podem ser constatadas em casos como o de Trayvon Martin que foi baleado por uma patrulha comunitária por estar no lugar errado, ou do próprio autor que foi abordado por um vizinho que o mandou “voltar pra casa” enquanto caminhava no bairro onde morava.
Os casos brasileiros, certamente são diferenciados dos americanos, os países possuem histórias e contextos diferentes. Contudo se trocarmos guetos por favelas podemos facilmente perceber que muita da mentalidade persiste. Importante também ressaltar que este “racismo bem-humorado” que é exercido no Brasil é extremamente prejudicial e um dos principais sustentos para o racismo que exclui, reduz oportunidades, traz desigualdade e mata.