As conexões em nossas comunidades estão minguando.
“Uma ideia central do Capital Social é o de que conexões sociais são valiosas.” [Robert Putnam]
“Generalizando, avós com menos dinheiros tendem a gastar tempo para substituir a falta de recursos, enquanto os com mais dinheiros tendem a gastar dinheiro para substituir a falta de tempo.” [Robert Putnam]
Nascido em Nova Iorque, estudou em Oxford and Yale, ficou reconhecido por cunhar o termo Capital Social que consistem em mensurar o engajamento civil de uma sociedade. Foi diretor do Saguaro Seminar, ajudou em políticas sociais e foi premiado por Barak Obama pelas contribuições que buscam melhorar a comunidade americana.
Enquanto diversos sociólogos estavam preocupados com a deterioração do senso comunitário consequente da revolução industrial, o fato é que o século XIX foi rico em ações voluntárias que proporcionaram avanços na criação de escolas, missões para os pobres e instituições de caridades.
Esta dinâmica mudou mais drasticamente no final do Século XX, quando o Estado havia tomado para si toda responsabilidade cívica, afastando das pessoas a importância em se formar novas conexões, aumentar suas redes sociais ou associações voluntárias, estas responsáveis por criar o que o autor denominou capital social.
O capital social era composto por três formas de relacionamento. O primeiro, denominado bonds, consistia no senso comum de identidade que incluída a família, os amigos e membros da comunidade, o segundo, denominado bridges, se estendia para os colegas, associados e conhecidos enquanto o terceiro, denominado linkages permitia a associação de pessoas em diferentes níveis hierárquicos sociais.
Todas as formas de relacionamento seriam essenciais para manter uma vida em comunidade saudável, todavia, estes estavam sendo destruídos ainda mais rapidamente devido ao modelo de vida suburbana e os longos trajetos de locomoção ao trabalho com as pessoas se concentravam em atividades individualizadas e sem interação. Isto acabaria por minguar a capacidade de engajamento e voluntarismo de toda a sociedade, não apenas para com os estranhos, mas também dentro das próprias famílias.
Uma amostra desta erosão de crença podia ser observada na falta de engajamento nas associações de pais e professores ou comitês comunitários que buscam benefícios comuns para toda vizinhança. O reflexo claro desta falta de engajamento seria percebido na qualidade de vida do bairro, taxa de criminalidade e trabalho voluntariado.
Parece sonhador, pensar que um dia seremos capazes de dedicar um tempo de nossas vidas para a comunidade ao qual nos pertencemos, contudo, a verdade é que boa parte das horas de um indivíduo eram dedicados para tal. Alimentar, educar e proteger os filhos de outros, ajudar os enfermos e os que mais precisavam eram regras básicas de um convívio comunitário.
Todas estas regras foram reduzidas aos Impostos, o que traz ainda mais individualização e desconexão com o relacionamento humano, ajudar os outros virou sinônimo de dinheiro. Paradoxalmente enquanto ninguém seria incapaz de deixar uma criança morrer de fome em suas mãos, uma imensa maioria se coloca à margem da sua responsabilidade e até mesmo é contra contribuir com uma parte do seu dinheiro, ou das horas gastas, para contribuir com a sociedade onde vive.
Lembrei também sobre o termo capital humano, que resumidamente “lembra” que investir em pessoas dentro de uma organização ou sociedade certamente resultará em ganhos. Parece óbvio que uma sociedade formada por grupos sociais com maior confiança entre si e maior propensão ao relacionamento desfrutarão de maior segurança e capacidade de criação.
Seria interessante, também, um estudo inverso sobre o assunto. O que ocorreria com um país sem capital social se pensarmos na capacidade de uma sociedade se colocar de forma conjunta para enfrentar problemas externos como o caso de desastres naturais, guerras ou até mesmo uma pandemia?
Me parece que o capital social minimiza os riscos ao mesmo tempo que cria oportunidades, enquanto o capital humano foca apenas em criar oportunidades. Independentemente o investimento no primeiro é baixo ou quase inexistente sejam em políticas públicas ou na iniciativa privada.